domingo, 9 de junho de 2013

A esquizofrenia em escrever uma dissertação

Viver a esquizofrenia em escrever uma dissertação é o maior desafio que está posto em minha vida. O texto dissertativo fiel aos padrões acadêmicos tolhe a liberdade do livre pensamento, arranca de nós a capacidade de dizer sobre as coisas do cotidiano, do senso comum, pois tudo o  que escrevemos precisamos ser referendado...
Dizer algo com respaldo em outros autores. A minha escrita tosca já não serve, tem que se outra escrita outra que eu mal me reconheça.
Como eu gostaria de trazer a literatura com o que há de mais live, lírico e sutil para o  meu texto acadêmico! Não que isso seja proibido, mas os nexos precisam ser estabelecidos. Ah Manoel de Barros, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Drummond, Bandeira e outros tantos brilhantes inspirai-me. Que a minha escrita, ainda que acadêmica, condicionada como tem que ser, que seja ao menos compreensiva. Que a problemática que me mobilizou para a escrita, com perplexidade, seja compreensiva a todos que tiverem acesso.
E então, Clarice em Água viva nos diz:
Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar.
“E sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico, fantástico e gigantesco: a vida é sobrenatural. E caminho segurando um guarda-chuva aberto sobre corda tensa. Caminho até o limite do meu sonho grande. Vejo a fúria dos impulsos viscerais: vísceras torturadas me guiam. Não gosto do que acabo de escrever – mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu.”

Clarice, ajuda-me ater sonhos que façam fluir a minha escrita.

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