domingo, 9 de junho de 2013

Côncio da minha incompletude

Hoje (08/06/13) a profa. Dra. Stella Rodrigues no auditório da UNEB - DCHT Campus XVI por ocasião da aula inaugural do Curso de Especialização em Gestão e Organização dos Espaços Educacionais, nos brindou com a palestra de abertura sobre pesquisa.
A sua fala trouxe o mito da caverna de Platão e a caverna que todos nós estamos submetidos na contemporaneidade.
Enfim, a sua principal mensagem foi a de buscar as coisas simples e de ter humildade diante do conhecimento.
E como, já disse Fernando Pessoa e Oswaldo Montenegro buscar as respostas na arte.
A poesia de Manoel de Barros é uma lição fantástica.

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

A esquizofrenia em escrever uma dissertação

Viver a esquizofrenia em escrever uma dissertação é o maior desafio que está posto em minha vida. O texto dissertativo fiel aos padrões acadêmicos tolhe a liberdade do livre pensamento, arranca de nós a capacidade de dizer sobre as coisas do cotidiano, do senso comum, pois tudo o  que escrevemos precisamos ser referendado...
Dizer algo com respaldo em outros autores. A minha escrita tosca já não serve, tem que se outra escrita outra que eu mal me reconheça.
Como eu gostaria de trazer a literatura com o que há de mais live, lírico e sutil para o  meu texto acadêmico! Não que isso seja proibido, mas os nexos precisam ser estabelecidos. Ah Manoel de Barros, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Drummond, Bandeira e outros tantos brilhantes inspirai-me. Que a minha escrita, ainda que acadêmica, condicionada como tem que ser, que seja ao menos compreensiva. Que a problemática que me mobilizou para a escrita, com perplexidade, seja compreensiva a todos que tiverem acesso.
E então, Clarice em Água viva nos diz:
Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar.
“E sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico, fantástico e gigantesco: a vida é sobrenatural. E caminho segurando um guarda-chuva aberto sobre corda tensa. Caminho até o limite do meu sonho grande. Vejo a fúria dos impulsos viscerais: vísceras torturadas me guiam. Não gosto do que acabo de escrever – mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu.”

Clarice, ajuda-me ater sonhos que façam fluir a minha escrita.