quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
                              Manoel Bandeira

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Filosofia, Ética e Direito do Trabalho

Tecendo aulas, tecendo saberes e conhecimentos com as turmas do IV do Curso Técnico em Agropecuária - Subsequente e a 2ª série do Curso Técnico em Agropecuária Integrado. E Filosofia na 1ª série do último curso. Ao mesmo tempo em que os jovens adolescente reclamam da Filosofia, que não vêem sentido, eles e elas acam interragindo e participando bastante das aulas. É um gosto trabalhar com Filosofia. Agora trabalhando com Ética e com o Pensar. São viagens...

Abordagens Autobiográficas

A TEC Abordagens Autobiográficas é um presente nos meus quatro anos no exercício de professor substituto na UNEB - Campus XVI. Exercer a docência universitária cada vez mais se constitui uma prática muito significativa para a minha realização profissional e pessoal. No desenvolvimento do componente, a proposta é trabalhar com Portfólio Reflexivo Virtual. Neste sentido, as aulas de hoje foram dedicadas a situar a memória enuanto capacidade de organizar o pensmento de forma mais profícua. As memórias de infância são de fundamental importância no sentido de que possibilitam um reencontro com a nossa criança interior, resgatando o que de melhor ela tem, como a inventividade e a criatividade tão características nessa fase da vidaa. Como diz Manoel de Barros em um dos seus poemas,

"Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A gente era o que quisesse ser só usando esse advérbio. Assim, por exemplo: tem hora que eu sou quando uma árvore e podia apreciar melhor os passarinhos. Ou tem hora que eu sou quando uma pedra. E sendo uma pedra eu posso conviver com os lagartos e os musgos. Assim: tem hora eu sou quando um rio. E as garças me beijam e me abençoam. Essa era uma teoria que a gente inventava nas tardes. Hoje eu estou quando infante. Eu resolvi voltar quando infante por um gosto de voltar. Como quem aprecia de ir às origens de uma coisa ou de um ser. Então agora eu estou quando infante. Agora nossos irmãos, nosso pai, nossa mãe e todos moramos no rancho de palha perto de uma aguada. O rancho não tinha frente nem fundo. O mato chegava perto, quase roçava nas palhas. A mãe cozinhava, lavava e costurava para nós."

Fantástico isso. O poema tem a capacidade de nos transportar para a nossa infância tão particular. Na aula foi realizada a leitura de imagem da tela de Salvador Dalí "A persistência da memória". a qual suscitou discussão bastante significativas.
A Persistência da Memória
Autor Salvador Dalí
Data 1931
Técnica Óleo sobre tela
Dimensões 24 cm × 33 cm
Localização Museu de Arte Moderna, Nova Iorque