sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Formação docente em atividade em classes multisseriadas: bases epistemológicas

A ação docente em classes multisseriadas, em pequenos povoados localizados no meio rural, possui toda uma especificidade. E, por mais que historicamente esta modalidade de educação tem sido legada a segundo ou terceiro plano, para não dizer que fica esquecida, em um completo silenciamento, com a valorização do urbano, alguns vaticinam, inclusive o seu fim.
Em detrimento a isso, porém, enquanto houver pequenos povoados, de difícil acesso e com poucas crianças em cada faixa etária, a  multisseriação e a unidocência se faz necessárias. O que deve ser defendido e reivindicado fortemente é valorização desta modalidade de ensino e dos docentes que aí atuam.
A educação desenvolvida em classes multisseriadas em povoados do meio rural brasileiro e, principalmente nordestino, não pode ser concebido como algo menor, sem importância. Mas, precisa ser valorizado como qualquer outra modalidade de educação escolarizada. Os sujeitos da roça, que trabalham no meio rural, também precisam usufruir dos conhecimentos produzidos e sistematizados ao longo da história da humanidade, que sejam científicos, técnicos e culturais.
Entretanto, esses conhecimentos não devem seguir a mesma metodologia, os mesmos recursos e os mesmos livros didáticos que são elaborados para o uso de estudantes urbanos, por mais que os avanços tecnológicos através das mídias tentam homogeneizar tudo. Os sujeitos que vivem no meio rural, tem suas especificidades, valores éticos e culturais diferentes dos produzidos no meio urbano. E, isso precisa ser levado em consideração ao se implementar uma proposta pedagógica.
Neste sentido, a construção do conhecimento fundada em uma epistemologia da terra - construção de conhecimentos com base axiológica no cultivo da terra - passa necessariamente pela valorização docente. Muitas vezes, os docentes que atuam em classes multisseriadas no espaço rural são relegados a um descaso tão grande, que não conseguem ter consciência da importância das suas ações em tais espaços.
Assim, a necessidade de fazer ouvir essas vozes a partir das narrativas de vida, ao mesmo tempo que as vozes de outros sujeitos também se fazem ouvir possibilitam a tessitura de saberes e conhecimentos que fortaleçam, validam e valorizam o que é próprio da cultura local, que está intimamente relacionado com o cultivo da terra, as relações os fenômenos naturais e as relações humanas ai estabelecidas ainda baseadas na confiança e no respeito ao outro.
Os relatos orais de docentes das classes multisseriadas, desde de questões relacionadas ao que os constituíram docentes, as suas práticas em escolas rurais e as relações com o poder público estabelecido, a realização de encontros com o coletivo de professores para o estabelecimento de diálogos sobre as suas vivências e experiências em oficinas de criação de narrativas orais dialogadas, possibilita a construção de conhecimentos científicos, que irão contribui para todos que têm similitudes com estas, bem como favorece a formação e emancipação humana dos sujeitos diretamente envolvidos  nessas oficinas.

Convite para defesa de dissertação


domingo, 9 de junho de 2013

Côncio da minha incompletude

Hoje (08/06/13) a profa. Dra. Stella Rodrigues no auditório da UNEB - DCHT Campus XVI por ocasião da aula inaugural do Curso de Especialização em Gestão e Organização dos Espaços Educacionais, nos brindou com a palestra de abertura sobre pesquisa.
A sua fala trouxe o mito da caverna de Platão e a caverna que todos nós estamos submetidos na contemporaneidade.
Enfim, a sua principal mensagem foi a de buscar as coisas simples e de ter humildade diante do conhecimento.
E como, já disse Fernando Pessoa e Oswaldo Montenegro buscar as respostas na arte.
A poesia de Manoel de Barros é uma lição fantástica.

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

A esquizofrenia em escrever uma dissertação

Viver a esquizofrenia em escrever uma dissertação é o maior desafio que está posto em minha vida. O texto dissertativo fiel aos padrões acadêmicos tolhe a liberdade do livre pensamento, arranca de nós a capacidade de dizer sobre as coisas do cotidiano, do senso comum, pois tudo o  que escrevemos precisamos ser referendado...
Dizer algo com respaldo em outros autores. A minha escrita tosca já não serve, tem que se outra escrita outra que eu mal me reconheça.
Como eu gostaria de trazer a literatura com o que há de mais live, lírico e sutil para o  meu texto acadêmico! Não que isso seja proibido, mas os nexos precisam ser estabelecidos. Ah Manoel de Barros, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Drummond, Bandeira e outros tantos brilhantes inspirai-me. Que a minha escrita, ainda que acadêmica, condicionada como tem que ser, que seja ao menos compreensiva. Que a problemática que me mobilizou para a escrita, com perplexidade, seja compreensiva a todos que tiverem acesso.
E então, Clarice em Água viva nos diz:
Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar.
“E sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico, fantástico e gigantesco: a vida é sobrenatural. E caminho segurando um guarda-chuva aberto sobre corda tensa. Caminho até o limite do meu sonho grande. Vejo a fúria dos impulsos viscerais: vísceras torturadas me guiam. Não gosto do que acabo de escrever – mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu.”

Clarice, ajuda-me ater sonhos que façam fluir a minha escrita.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Abordagens (auto)biográficas e a infância

As próximas atividades (se constituem em comentários à esta postagem) do componente curricular Abordagens Autobiográficas do 6º período do curso de Pedagogia - do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias - DCHT - Campus XVI da Universidade do Estado da Bahia - UNEB em Irecê Bahia se constitui em relacionar a sua própria infância na faixa etária em que os seus alunos do Estágio se encontram com as reflexões a seguir.

Os esforço de rememoração, ao parar para refletir sobre a estrada já trilhada marcada por intinerâncias e errâncias formativas e com o olhar adulto e educador da atualidade, a busca por reminescêcias da nossa própria história de vida se constitui em elementos fundamentes para o exercício pedagógico significativo. Nesta perspectiva, a prática de estágio, com sujeitos reais, no chão da escola possiblitam fazer relações com as sua vivências deinfãncia? Ainda existem jogos, brincadeiras, músicas e atividades que podem serrelacionadas com as vividas na sua própria infância no período da educação infantil?
Roda Infantil - Cândido Portinari, 1932
A conviviabilidade das crianças e entre as crianças na atualidade se distanciaram das suas vivências nos grupos em que fora membro quando estudou a educação infantil?
Pensar a nossa história de vida é rever tempos e lugares, ações e emoções, brincadeiras e verdades tecidas nas diversas relações que estabelecemos com tantos outros no decorrer da nossa existência. Relações estas que influenciam, interferem e tensionam a nossa própria formação devido à ação do outro e a formação destes outros a partir das nossas ações. São gestos, palavras e silêncios que nos formam e redimencionam as nossas identidades. 
A colcha de retalhos
 
As formações humanas acontecem em todos os lugares e tempos em que podemos estabelecer relações conosco mesmos, com os outros e com o ambiente que nos cerca e do qual fazemos parte, como uma colcha de retalhos que forma um mosaico fractal, cujas peças são revistidas de significados e valores sem perder a sua essência, mas cada um exercendo a sua importância capital para o resultado do todo. Entretanto a escola é o locus institucionalizado e socialmente construído para dar conta a formação dos sujeitos. Pois, como afirma Alarcão,
 
“A escola tem de ser a escola do sim e do não, onde a prevenção deve afastar a necessidade de repressão,onde o espírito de colaboração deve evitar as guerras de poder ou competitividade mal-entendida, onde a crítica franca e construtiva evita o silêncio roedor ou a apatia empobrecedora e entorpecedora”(Alarcão, 2001, p. 17).
 
No movimento dialético da escola existem contradições, medos e inseguranças. Mas, quando colocamos em prática o espírito de colaboração, cujos sujeitos podem colaborar, cooperar e solidarizar uns com os outros, aos poucos vamos superando estas dificuldades e fazendo com que a escola vá cumprindo o seu papel social. Uma vez que favorece as trocas entre os diversos sujeitos, como afirma Souza,
 
"É na dinâmica da vida e nas histórias tecidas no nosso cotidiano que aprendemos dimensões existenciais e experienciais sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o meio em que vivemos. No entrecruzamento de nossas aprendizagens, a escola exerce um papel singular, visto que neste espaço ‘convivemos' e internalizamos papéis sociais apreendidos no cotidiano familiar." (Souza, 2005, p. 32)
 
Enfim, apesar das crises em que a educação em geral e da educação escolarizada em particular estão passando, este local ainda deve ser valorizando enquanto ambiência que favorece encontros e vivências entre os diversos sujeitos, uns contribuindo para a formação dos outros e vice-versa.
 
 
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
                              Manoel Bandeira

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Filosofia, Ética e Direito do Trabalho

Tecendo aulas, tecendo saberes e conhecimentos com as turmas do IV do Curso Técnico em Agropecuária - Subsequente e a 2ª série do Curso Técnico em Agropecuária Integrado. E Filosofia na 1ª série do último curso. Ao mesmo tempo em que os jovens adolescente reclamam da Filosofia, que não vêem sentido, eles e elas acam interragindo e participando bastante das aulas. É um gosto trabalhar com Filosofia. Agora trabalhando com Ética e com o Pensar. São viagens...